Grupo avalia que ex-ministro do governo Dilma é de difícil trato e inviabilizou diálogo com o Congresso no período do impeachment. Nomes de Pérsio Árida e Geraldo Alckmin animam setores do mercado.
Na reta final da campanha antes do 1º turno, diferente setores do mercado e do empresariado intensificaram as conversas com o QG de Lula (PT) em busca de definições ou sinalizações para um eventual ministério da Economia – caso Lula seja eleito. Mesmo sem indicações de quem seria a preferência de Lula na área, esses segmentos buscam a garantia de que um nome preocupa e gera resistências: Aloizio Mercadante, responsável pelo plano de governo do PT.
A resistência a Mercadante se dá pois ele veem como parte da velha guarda do partido e estes setores avaliam que, desse grupo, não há mais outros nomes igualmente rejeitados – caso de José Dirceu e Delúbio Soares, por exemplo, que deixaram postos de liderança do partido após o mensalão.
A volta ao poder do chamado “entorno” do PT tradicional é tratado em reuniões entre empresários e assessores de Lula como preocupante.
No caso de Mercadante, estes empresários avaliam o petista como um político de difícil trato e atribuem a ele parte dos erros cometidos pela articulação política do governo Dilma – entre 2011 e 2016, ano do impeachment.
O temor é que, com ele no posto maior da Economia, falte interlocução com o Congresso eleito neste ano – que deve reforçar o perfil conservador – para conseguir aprovar agendas de um eventual governo Lula/Alckmin e, pior: defenda a revisão de matérias importantes para o segmento empresarial.
Em conversas reservadas, os empresários que pedem estas sinalizações citam como histórico que Mercadante inviabilizou o diálogo com o Congresso justamente no período do impeachment.
No cenário traçado pelo mercado a petistas, os nomes citados como melhores opções são, por exemplo, o do economista Pérsio Arida (um dos idealizadores do Plano Real e ex-presidente do Banco Central no governo FHC) e até do candidato a vice, Geraldo Alckmin (PSB).
Mas o nome de Alckmin, se agrada empresários, encontra resistência por parte do PT tradicional pois a avaliação é de que ele seria “indemissível” pelo fato de ser o vice na chapa de Lula.
Outro citado é Josué Gomes da Silva, atual presidente Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (Fiesp) e filho do vice de Lula em seus dois governos, o político já falecido José Alencar.
Ao não cravar o nome de quem ocupará a Economia – se ganhar –, Lula “preserva” o quadro que pensa para a vaga, na avaliação de assessores.
Eventual governo terá ex-governadores com força
Lula tem levado Mercadante a várias agendas, o que tem causado estranheza até entre petistas. Um exemplo ocorreu em encontro com empresários na própria Fiesp, em São Paulo – Mercadante até discursou na oportunidade.
Quem conhece Lula de perto diz que ter Mercadante ao seu lado em agendas não é sinalização de que ele vá ocupar algum cargo na economia.
A presença se dá, dizem fontes ao blog, porque dos antigos quadros experientes do partido, o PT perdeu praticamente todos. E Mercadante permaneceu – como referência, está sempre disponível e por perto.
O discurso da campanha tem sido de que quem vai ter força num eventual governo são ex-governadores do PT, caso de Jaques Wagner (BA) e Wellington Dias (PI).
Alexandre Padilha, ex-ministro da Saúde, é outro nome visto com bons olhos por setores do PT para a Economia. Ele tem feito conversas ligadas ao assunto, mas Lula não abre o jogo sobre quem deve ser o escolhido.
De toda forma, mesmo se não for para Economia, assessores de Lula não descartam a ida de Mercadante para outro ministério.
Fonte: Andréia Sadi/G1