Para presidir a CPI do MST, o nome cogitado é o do ex-ministro do Meio Ambiente e deputado Ricardo Salles (PL-SP).
Se num simples depoimento ao Senado, o ministro dos Direitos Humanos, Silvio Almeida, teve de driblar um senador para não ganhar um boneco de um feto de 12 semanas, é de se imaginar a performance dos parlamentares em dois grandes palanques que se formam nas próximas semanas: as CPMIs do MST e do 8/1, ou CPI do Golpe, como tem sido chamada.
As ocupações feitas pelo MST recentemente, que incluíram áreas produtivas e estatais, desgastaram o governo, se contrapuseram ao discurso de Lula na campanha e estressaram a relação do petista com os movimentos sociais, além de contribuir para o esgarçamento do trânsito federal com o agronegócio. A Agrishow, inclusive, renderá suas honrarias ao ex-presidente Jair Bolsonaro, que discursará na segunda-feira, na abertura da feira.
Para presidir a CPI do MST, o nome cogitado é o do ex-ministro do Meio Ambiente e deputado Ricardo Salles (PL-SP). Salles quer concorrer à prefeitura de São Paulo, com a bênção de Bolsonaro, e deve fazer e acontecer nessa CPI, apesar dos pedidos de moderação feitos pelo presidente da Casa, deputado Arthur Lira. Será o palco ideal para um discurso contra movimentos sociais, uma vez que seu adversário em São Paulo deve ser o também deputado Guilherme Boulos (PSOL-SP), do MTST (Movimentos dos Trabalhadores Sem Teto).
Enquanto o ministro da Agricultura, Carlos Fávaro, dá uma dura nos sem-terra, os ministros Paulo Teixeira (Desenvolvimento Agrário) e Alexandre Padilha (Relações Institucionais) fazem afagos, mas não sem antes condenar as ocupações recentes do chamado “abril vermelho”.
É nessa toada de morde e assopra que o governo federal vai enfrentar a CPI no Congresso, sob risco de ver um aliado histórico dos petistas, o MST, ser criminalizado e servir de pedras para quebrar seu telhado.
Na outra frente, Lula tenta controlar sem sucesso o comando da CPMI do Golpe, cuja guerra de narrativas deverá drenar muito da energia do governo dentro do Congresso. Um dos maiores erros do Planalto foi ter segurado sob sigilo os vídeos de segurança, o que lhe custou a cabeça do general Gonçalves Dias, ministro do GSI (Gabinete Institucional de Segurança).
Fonte: Tatiana Farahé titular da coluna Peneira Política, do portal Terra.