Pode haver uma competição sobre a linha econômica a ser seguida entra a senadora pelo Mato Grosso do Sul e o futuro ministro da Economia.
Fontes do PT ouvidas pela CNN na terça-feira (27) temem um início duro de governo de Luiz Inácio Lula da Silva. O motivo é a possível disputa sobre a linha econômica a ser seguida com a dobradinha Fernando Haddad (PT) (mais alinhado à esquerda) na Fazenda e Simone Tebet (MDB-MS) (mais liberal) no Planejamento.
A informação é da âncora da CNN Daniela Lima.
Segundo apurou a CNN com dirigentes do partido, a senadora aceitou abrir mão do controle dos bancos públicos, desde que a iniciativa seja transferida para o Planejamento.
A articulação tem sido conduzida desde a manhã de terça-feira entre o presidente nacional do MDB, Baleia Rossi, e Alexandre Padilha.
Terceira colocada na corrida eleitoral para a Presidência da República em 2022, com 4,16% dos votos, Tebet declarou apoio a Lula durante a campanha no segundo turno.
Defensora de privatizações
O programa de governo defendido pela senadora na campanha presidencial virou o principal obstáculo para que o PT aceite transferir o bilionário PPI (Programa de Parceria e Investimentos) para o Ministério do Planejamento.
O motivo para o obstáculo é que o programa defendido pela senadora difere de pontos-chave defendidos pela transição e pelo PT.
O documento, por exemplo, defendia a realização no primeiro biênio a privatização das Companhias Docas, cujos portos de Santos, Bahia e Pará já integram a carteira do PPI para serem privatizados. A transição de governo, porém, tem visão oposta.
O futuro ministro dos Portos e Aeroportos, Marcio França, já se posicionou contrário à privatização em alinhamento com uma posição defendida pelo grupo de trabalho da transição.
Outro ponto de divergência do programa de Tebet com a transição é que o documento previa uma nova rodada de concessões com a inclusão de grandes aeroportos como Galeão e Santos Dumont — ambos no Rio de Janeiro —, mas a equipe de transição sinalizou que pararia para estudar melhor.
Tebet também defendeu que leilões de saneamento fossem acelerados, mas o PT deixou claro ter ressalvas ao novo marco legal de saneamento e não descarta revê-lo.
Fonte: CNN