Fruto do trabalho de conservação desenvolvido no Bioparque Pantanal, o cascudo-angélicos, de nome científico, Hypancistrus sp. é o primeiro registro da espécie no Brasil. A espécie habitante do tanque “Corredeiras da Amazônia”, no maior complexo de água doce do mundo, é nova para ciência e apresenta potencial ameaça de extinção.
Segundo o biólogo e curador do Bioparque Pantanal, Heriberto Gimênes Junior, essa espécie apresenta potencial ameaça de extinção por conta da implantação de hidrelétricas nos pontos ondes esses animais ocorrem, pois, esses peixes habitam águas mais oxigenadas em regiões de corredeiras e as barragens interrompem o fluxo das águas, tornando o ambiente de corredeira em um ambiente de água parada, além de alterar a qualidade da água. Outro fator que também ameaça a espécie é a sobrepesca.
O profissional explica que o complexo de água doce é o único local que detém o protocolo de reprodução no país. “Hoje nós somos os únicos que conseguimos reproduzir esse bicho em cativeiro. Pensando em futuros repovoamentos ou trabalhos, seremos os únicos capazes de trabalhar na conservação da espécie no Brasil”, pontuou.
No complexo, já ocorreram duas desovas do cascudo-angelicus, em uma pequena caverna artificial. Na primeira, em agosto deste ano, nasceram 22 filhotes. Já em outubro, foram 28 cascudinhos da espécie. “O macho que cuida da desova, ele prende a fêmea dentro da caverna, ela desova, ele a expulsa e fica cuidando por um período de até 12 dias, mais ou menos”, explicou o biólogo.
Até o momento 24 espécies já reproduziram no Bioparque Pantanal, sendo que o trabalho desenvolvido pelos profissionais tem como foco a conservação. A Diretora-Geral do complexo, Maria Fernanda Balestieri destaca a aliança entre pesquisa e conservação.
“A pesquisa e a conservação tratam-se de pilares que sustentam o Bioparque Pantanal em razão da importância na manutenção da vida. Aqui priorizamos a reprodução de espécies ameaçadas de extinção e em potencial ameaça a fim de garantirmos uma população reserva e uma variabilidade genética para essas espécies”.
Com o objetivo de enfrentar os problemas ambientais apresentando soluções para a conservação de espécies, o Centro de Conservação de Peixes Neotropicais do Bioparque Pantanal desenvolve protocolos e aplica técnicas de reprodução para obter resultados positivos.
O centro se atenta às espécies enquadradas em elevado risco de extinção ou potenciais espécies ameaçadas, tendo como base atender os pilares da conservação, bem-estar animal e pesquisa.
O CCPN é o primeiro centro de reprodução de cascudos ornamentais do mundo, com um total de 40 espécies alvo. Entre os destaques está o cascudo-viola, de nome científico, Loricaria coximensis, espécie pantaneira ameaçada de extinção, que atualmente pode ser vista no tanque “Ressurgência”.
Fonte: Bioparque / Fotos: Heriberto Gimênes e Guilherme Marconato