Para banco, confirmação do crescimento esperado da demanda vai levar algum tempo
O Bank of America (BofA) afirmou que espera que o Projeto Cerrado, na fábrica da Suzano, seja “extremamente competitivo”, mas que um ciclo de baixa se aproxima e só o tempo dirá se o crescimento esperado da demanda vai se materializar em relação a toda a capacidade de celulose sendo instalada pela Suzano e outros no mercado.
Os analistas do BofA participaram de uma reunião virtual com a administração da Suzano, que atualizou o mercado sobre o Projeto Cerrado. A sessão contou com a presença da maior parte da alta administração da Suzano e deu uma visão geral incluindo capacidade, custos, tempo de inicialização e investimentos.
“Fizemos uma rápida análise de sensibilidade e estimamos que o Projeto Cerrado poderia gerar um ebitda incremental anual de cerca de R$ 6 bilhões com base em um cenário de preços de madeira de lei (China líquido) a US$ 600 por tonelada e o câmbio a R$ 6,50 o dólar. Um cenário de baixa assumindo seu custo caixa em R$ 500 a tonelada, preços de celulose em US$ 400 e o real em torno de R$ 5,20, o Ebitda ficaria em R$ 2,7 bilhões”, completou.
A nova fábrica de celulose, localizada em Ribas do Rio Pardo (MS) deve adicionar 2,55 milhões de toneladas por ano de capacidade de celulose branqueada de eucalipto (BEK), com início no segundo semestre de 2024.
“O crescimento deve ser bastante rápido, com mais de 2 milhões de toneladas de produção esperadas nos primeiros 12 meses. A gestão espera custos de caixa em menos de R$ 500 por tonelada após o lançamento, atingindo um custo final abaixo de R$ 400 por tonelada (ou cerca de US$ 70 a tonelada) após o primeiro ciclo de colheita”, diz o relatório.
A Suzano vai usar inicialmente mais madeira de terceiros, mas à medida que for transferido para suas próprias florestas, os custos diminuirão. Abaixo de R$ 400 por tonelada, este custo caixa estará entre os níveis mais baixos vistos globalmente, apoiado por um raio médio de 65km, bem abaixo dos atuais 220 km da Suzano, bem como 180MW de energia renovável excedente.
O investimento total foi projetado em R$ 19,3 bilhões, sendo R$ 14,7 bilhões de investimento industrial e R$ 4,6 bilhões em silvicultura, logística e outros itens. A Suzano já garantiu toda a madeira necessária para o lançamento em 2024 e cerca de 90% da madeira necessária até 2030. Separadamente, a Suzano reforçou a geração de caixa da empresa para financiar o projeto.
O banco manteve a recomendação neutra com o preço-alvo em R$ 67.
Este conteúdo foi publicado originalmente no Valor PRO, serviço de informações em tempo real do Valor Econômico.
Fonte: Allan Ravagnani, Valor — São Paulo